Por Redação TecNerds | 9 de julho de 2025 | Ciência e Tecnologia
A Terra está literalmente girando mais rápido, e hoje, 9 de julho, marca o primeiro de três dias especialmente curtos previstos para 2025. Segundo dados da plataforma Time and Date, em parceria com o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS), nosso planeta completará sua rotação 1,30 milissegundo mais rápido que o habitual.
Este fenômeno intrigante representa uma mudança significativa no comportamento rotacional da Terra, que vem surpreendendo cientistas desde 2020. Nos últimos cinco anos, foram registrados 28 dos dias mais curtos da história moderna, contrariando décadas de desaceleração gradual causada pela influência gravitacional da Lua.
O que está acontecendo com nosso planeta?

Historicamente, a rotação terrestre vinha desacelerando de forma consistente. Bilhões de anos atrás, um dia durava apenas entre três e seis horas. A ação gravitacional da Lua gradualmente freou essa rotação até chegarmos às 24 horas atuais. Porém, desde 2020, esse padrão mudou drasticamente.
Graham Jones, especialista em rotação planetária, explica que “variações de longo prazo na velocidade de rotação da Terra são afetadas por uma longa lista de fatores, que inclui o movimento complexo do núcleo, dos oceanos e da atmosfera da Terra”. O pesquisador destaca que essa aceleração atual é considerada “incomum” pela comunidade científica.
Datas-chave para 2025
Além do dia de hoje, os cientistas identificaram outras duas datas críticas: 22 de julho e 5 de agosto. Estes dias podem quebrar recordes históricos de velocidade rotacional, representando os momentos mais rápidos já registrados desde o início das medições modernas em 1973.
Interessantemente, essas datas coincidem com períodos em que a órbita lunar está em seu ponto mais distante da Linha do Equador. O movimento da Terra em seu próprio eixo tende a ser mais rápido quando nosso satélite natural se encontra nessa posição específica.
“Estamos diante de uma aceleração incomum”, afirmam os cientistas do IERS, destacando que os modelos atuais não conseguem explicar completamente este fenômeno.
Possíveis causas do fenômeno
Embora não exista uma explicação definitiva, pesquisadores levantam várias hipóteses científicas. Entre as principais teorias estão mudanças nos movimentos do núcleo terrestre, alterações nas correntes oceânicas e atmosféricas, e o derretimento de geleiras causando redistribuição de massa planetária.
Leonid Zotov, da Universidade Estatal de Moscovo e especialista em rotação terrestre, junto com seus colegas Christian Bizouard e Nikolay Sidorenkov, apontam para um fenômeno chamado “Oscilação de Chandler” – um movimento irregular dos polos geográficos da Terra através da superfície do globo.
O aquecimento global também emerge como possível fator contribuinte. O derretimento acelerado de geleiras não apenas eleva o nível dos mares, mas também redistribui massa pelo planeta, potencialmente afetando a dinâmica rotacional.
Impactos tecnológicos e práticos
Embora imperceptível no dia a dia, essa aceleração tem implicações significativas para sistemas tecnológicos. Dispositivos GPS, redes de comunicação e sistemas de navegação dependem de precisão temporal extrema. Diferenças de milissegundos podem causar erros em cálculos de posicionamento e sincronização global.
Se a tendência de aceleração continuar, os cientistas podem precisar implementar um “segundo intercalar negativo” – algo nunca feito antes na história. Atualmente, segundos intercalares positivos são ocasionalmente adicionados aos relógios atômicos para compensar a desaceleração natural da Terra.
Monitoramento contínuo
O IERS continuará monitorando rigorosamente a rotação terrestre nos próximos meses, com atualizações regulares sobre o comportamento do planeta. Este acompanhamento é crucial para entender se estamos diante de uma anomalia temporária ou de uma mudança fundamental no comportamento rotacional da Terra.
Enquanto os dias mais curtos de 2025 servem como lembrete de que nosso planeta é um sistema dinâmico, a comunidade científica trabalha intensamente para desvendar os mistérios por trás dessa aceleração inesperada. A resposta pode revelar aspectos fundamentais sobre o funcionamento interno do nosso planeta e suas interações com forças cósmicas.
Deixe um comentário