O cometa 3I/ATLAS continua surpreendendo a comunidade científica mundial. Este visitante interestelar, que veio de outro sistema solar, acaba de ter sua imagem mais detalhada capturada pelo Telescópio Espacial Hubble. O registro, feito em 21 de julho de 2025, revela características inéditas deste corpo celeste que atravessa nosso sistema planetário a uma velocidade impressionante de 210 mil km/h.
A Melhor Imagem Já Registrada
Uma equipe internacional de astrônomos conseguiu obter o retrato mais nítido do cometa 3I/ATLAS até o momento. As imagens mostram detalhes fascinantes: uma pluma de poeira sendo ejetada do lado aquecido pelo Sol e uma cauda fraca que aponta para longe do núcleo, resultado da pressão da radiação solar.
Os especialistas estimam que o diâmetro do cometa varie entre 320 metros e 5,6 quilômetros. Seu núcleo permanece oculto por uma densa nuvem de poeira e gás, mas sabemos que é sólido e gelado. A cada segundo, o 3I/ATLAS perde entre 6 e 60 kg de poeira, uma taxa similar à de cometas do nosso próprio Sistema Solar quando estão a 480 milhões de km do Sol.
Um Viajante de Bilhões de Anos
Apesar de se comportar de forma similar aos cometas locais, a origem do cometa 3I/ATLAS é completamente diferente. Este objeto nasceu em um sistema planetário distante, em algum lugar da Via Láctea. Durante bilhões de anos, ele vagou pelo espaço interestelar até chegar perto de nós.
Sua velocidade extrema de 210 mil km/h – a mais alta já registrada para um objeto deste tipo – resulta do efeito de “estilingue gravitacional”. Durante sua jornada cósmica, incontáveis encontros com estrelas e nuvens interestelares o aceleraram continuamente.
Descoberta e Observação
O cometa 3I/ATLAS foi detectado originalmente em 1º de julho de 2025 pelo Sistema de Último Alerta de Impacto Terrestre de Asteroide (ATLAS), quando estava a 675 milhões de km do Sol. Este é apenas o terceiro visitante interestelar deste tipo já detectado atravessando nosso Sistema Solar.
Os telescópios terrestres conseguirão observá-lo até setembro, quando ficará muito próximo ao Sol. O cometa deve reaparecer no início de dezembro, emergindo do outro lado da nossa estrela central.
Encontro Histórico com Sondas Espaciais
Uma descoberta ainda mais empolgante aguarda a comunidade científica. Astrônomos preveem um evento raro: o cometa interestelar 3I/ATLAS pode cruzar o caminho de duas missões espaciais ativas entre o fim de outubro e início de novembro de 2025.
As sondas Europa Clipper (NASA) e Hera (Agência Espacial Europeia) podem atravessar a cauda do cometa. Se isso acontecer, será a primeira vez que uma espaçonave humana cruzará a cauda de um cometa vindo de fora do Sistema Solar.
Janela de Oportunidade Única
Segundo os cálculos, a sonda Hera poderá passar pela cauda do cometa 3I/ATLAS até 1º de novembro, enquanto a Europa Clipper pode cruzar a mesma região entre 30 de outubro e 6 de novembro. A cauda iônica, formada pela interação entre partículas do vento solar e o gás do cometa, pode se estender por milhões de quilômetros.
Mesmo sem uma colisão direta, as espaçonaves poderiam detectar sinais do encontro, como variações no campo magnético e no fluxo de íons no espaço. Seria uma oportunidade única de estudar diretamente como um cometa formado fora do Sistema Solar reage ao ambiente solar.
Importância Científica
O interesse dos pesquisadores vai muito além da curiosidade. Detectar íons ou partículas associadas ao 3I/ATLAS permitiria comparar sua composição e estrutura com cometas locais. Isso ajudaria a reconstruir a história química de outros sistemas planetários.
“Seria uma chance única de observar diretamente os efeitos do vento solar sobre um visitante interestelar”, destacam os autores do estudo publicado pela Sociedade Astronômica Americana.
Desafios e Limitações
Os cientistas ressaltam que essa previsão baseia-se em modelos matemáticos e ainda existem incertezas sobre a densidade e extensão real da cauda. As sondas não foram projetadas especificamente para estudar cometas, o que limita a precisão das medições possíveis.
Mesmo assim, as equipes da NASA e ESA estão se preparando para aproveitar essa oportunidade extraordinária caso a interseção realmente ocorra.
Próximas Observações
Os detalhes das descobertas do Hubble foram descritos em artigo científico aceito para publicação no The Astrophysical Journal Letters. Enquanto isso, outros instrumentos avançados se preparam para estudar o cometa 3I/ATLAS.
O Telescópio Espacial James Webb, mantido pela NASA e Agência Espacial Europeia (ESA), deve ajudar a expandir os conhecimentos sobre este objeto misterioso. A ideia é determinar com mais clareza tanto suas dimensões quanto sua composição química.
Um Marco na Exploração Espacial
Se confirmado, o encontro entre o cometa 3I/ATLAS e as sondas espaciais transformará uma simples passagem de um cometa interestelar em um momento histórico para a exploração espacial. Oferecerá dados inéditos sobre como corpos vindos de outras estrelas se comportam ao interagir com nosso Sol.
Este evento representa uma convergência única entre tecnologia espacial avançada e um visitante cósmico de origem distante. Os dados coletados poderão revolucionar nosso entendimento sobre a formação e evolução de sistemas planetários em toda a galáxia.
O cometa 3I/ATLAS continua sua jornada pelo nosso sistema planetário, carregando consigo segredos de mundos distantes. Cada observação nos aproxima mais de desvendar os mistérios deste viajante interestelar que percorreu bilhões de anos para nos visitar.
fontes: Metrópolis | Revista Galileu
